PAZ SEJA CONVOSCO!
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A
Prosperidade da Alma
"Amado, acima
de tudo, faço votos por tua prosperidade e saúde, assim como é próspera a tua
alma”. (III João
2)
Este texto
reflete, ao meu entender, não apenas o sentimento do apóstolo João por Gaio,
seu amigo e irmão em Cristo, mas revela a
vontade de Deus para todos os seus filhos. Jesus ensinou que se nós, que somos
maus, sabemos dar boas dádivas aos nossos filhos, quanto mais o Pai Celestial
não dará coisas boas aos que lhe pedirem? (Mt.7:11). Assim como um pai terreno
deseja o melhor para seus filhos, o Pai Celeste também deseja o melhor para os
seus. Paulo declarou aos romanos que se Deus “não poupou a seu próprio Filho,
mas por todos nós o entregou, como não nos dará também com ele todas as
coisas?” (Rm.8:32). É indiscutível o fato de que Deus quer o nosso melhor. O
apóstolo estava dizendo aos cristãos de Roma que se o Pai Celeste deu o que
tinha de melhor – Jesus – não há nada que Ele não possa nos dar!
Creio que Deus deseja nossa prosperidade, o melhor para cada um de nós. Mas o
que é prosperidade? A Concordância de Strong define a palavra grega traduzida
como “prosperidade” (euodoo), da seguinte forma: 1) ter uma viagem rápida e bem
sucedida, conduzir por um caminho fácil e direto; 2) garantir um bom resultado,
fazer prosperar; 3) prosperar, ser bem sucedido. A palavra também era aplicada
no sentido material (I Co.16:2), mas reflete a idéia de ir bem em todas as
coisas. Prosperar, portanto, não é só ter necessidades materiais supridas, mas
IR BEM na vida espiritual, ministerial, familiar, na saúde e no trabalho.
Deus quer que prosperemos, e nós mesmos desejamos isto. Mas a prosperidade que
experimentaremos do lado de fora, nas circunstâncias, está diretamente ligada à
prosperidade que provamos do lado de dentro, na alma. João declarou a Gaio:
– “Quero que você seja próspero... como é próspera a tua alma”.
Ou, em outras palavras: – “Quero que você prospere TANTO QUANTO sua
alma é próspera”.
Podemos dizer que se a alma de Gaio fosse pouco próspera, João estaria
desejando que ele fosse tão pouco próspero quão pouco próspera era sua alma.
Mas sendo ele muito próspero, então o apóstolo estaria dizendo que gostaria que
Gaio fosse muito próspero como muito próspera também era a sua alma.
Entender a prosperidade da alma é um passo importante para se prosperar nas
circunstãncias, uma vez que o que provamos por dentro pode determinar a
dimensão do que provaremos por fora.
A PROSPERIDADE PODE SE TORNAR EM MALDIÇÃO
Tanto na
Escritura Sagrada quanto na história, encontramos exemplos de pessoas que
prosperaram exteriormente sem prosperarem interiormente, e o resultado é sempre
o mesmo: a bênção acaba se tornando em maldição. Um destes exemplos
é o rei Uzias:
“Propôs-se buscar a Deus nos dias de
Zacarias, que era sábio nas visões de Deus; nos dias em que buscou ao Senhor,
Deus o fez prosperar”. (II Crônicas 26:5)
Com a bênção de Deus, Uzias alcançou aquilo que, sozinho, não teria
alcançado:
“...divulgou-se a sua fama até muito longe, porque foi MARAVILHOSAMENTE
AJUDADO, até que se tornou forte”. (II Crônicas 26:15b).
Entretanto, seu coração mudou quando alcançou prestígio e poder. Suas
conquistas o levaram a agir de forma errada:
“Mas, havendo-se já fortificado, exaltou-se o seu coração para a sua
própria ruína, e cometeu transgressões contra o Senhor, seu Deus”. (II Crônicas
26:16)
Porque a prosperidade circunstancial não foi acompanhada da prosperidade de
alma, aquilo que deveria ser bom, se tornou algo ruim. E a história de Uzias se
repete na vida de muitos outros em nossos dias. Nossas Igrejas estão repletas
de histórias de gente que buscou ao Senhor, alcançou o sucesso em sua vida
profissional, familiar, ministerial, mas não se deixou prosperar na alma na
mesma proporção em que prosperou nestas áreas. O resultado é sempre o mesmo:
não souberam lidar com sua nova condição. A fama, o prestígio, a promoção, as
conquistas e o dinheiro os levaram a ruína. Muitos terminaram longe de Deus e sem
estas coisas, exatamente do jeito que Paulo advertiu a Timóteo:
“Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas
concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e
perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa
cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores”. (I
Timóteo 6:9,10)
Muitos já enriqueceram às custas de perderem outros valores interiores,
inclusive sua própria fé. Este não é o desejo de Deus para nós. Por isso
devemos prosperar em nossa alma. Uma alma próspera é aquela que não se prende à
ganância e avareza. É despojada do egoísmo e do orgulho. Se uma pessoa está
prosperando materialmente, mas seu coração se prende ao dinheiro, é porque sua
alma não vai bem. É este entendimento que percebemos na oração de Agur:
“Duas coisas te peço; não mas negues, antes que eu morra: afasta de mim
a falsidade e a mentira; não me dês nem a pobreza nem a riqueza; dá-me o pão
que me for necessário; para não suceder que, estando eu farto, te negue e diga:
Quem é o Senhor? Ou que, empobrecido, venha a furtar e profane o nome de Deus”.
(Provérbios 30:7-9)
Ele examina sua alma e reconhece dois perigos: o de pela pobreza furtar e
quebrar princípios divinos e também o de prosperar e se esquecer de Deus. Se a
prosperidade de alguém o privar da comunhão com Deus, então ela se transformou
em maldição. A condição de nossa alma pode se tornar um fator limitante para a
prosperidade exterior. Assim como um pai não deseja presentear um filho com
algo que o prejudique, também o Senhor não deseja nos acrescentar algo que nos
afaste de seu propósito.
Mas, se por um lado a oração de Agur reflete o entendimento de que a bênção não
pode nos afastar de Deus, por outro não deve gerar em nós o sentimento de que
nossa atual condição interior deve servir de limite à prosperidade exterior. Se
percebemos um coração que se afastará de Deus com a riqueza, devemos buscar o
desprendimento, que é uma das evidências da prosperidade interior.
MUDANDO O CORAÇÃO
A prosperidade não deve ser evitada pelo risco de ser transformada em maldição.
Se assim fosse, Deus nunca prosperaria alguém como Uzias. O conselho divino é
que policiemos nosso coração:
“...se as vossas
riquezas prosperam, não ponhais nelas o coração”. ( Salmo 62:10)
Devemos manter nosso íntimo alinhado com os princípios e valores do Reino de
Deus, de modo que a prosperidade material não nos leve à ganância, avareza e
egoísmo. Não precisamos de uma mentalidade franciscana que foge da riqueza como
se este fosse o problema. Devemos permitir que nossa alma seja tratada pela
Palavra de Deus e pela ação do Espírito Santo. Assim como não fugimos deste
mundo nos trancando num convento para tentarmos nos santificar escondendo-nos
do pecado, também não fugimos do dinheiro e da prosperidade para não pecar.
Devemos tratar com nosso coração, e nos manter conscientes de qual é nosso
maior tesouro.
Algumas pessoas se baseiam na oração de Agur para evitarem a prosperidade. Mas
não entendem a essência da oração dele, que é não querer prosperar se isto
significa afastar-se de Deus. Se percebemos em nosso íntimo uma inclinação a
isto, devemos buscar o trato de Deus e a vitória sobre este tipo de inclinação.
Não oro como Agur; peço a Deus que me faça prosperar na alma, que me prepare
para prosperar do lado de fora sem que isto se torne um problema.
VENCENDO O EGOÍSMO
Um outro texto que tem sido mal entendido por muitos cristãos é o que fala
sobre juntar tesouros no céu:
“Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a
ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros
tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam,
nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração”.
(Mateus 6:19-21)
Alguém disse que Jesus ensinou que não podemos ter tesouros aqui na terra, mas
não foi isto que ele disse. Ele disse: “não ACUMULEIS para vós tesouros sobre a
terra”. Esta palavra traduzida do original grego como “acumular” é
“thesaurizo”. De acordo com a Concordância de Strong, significa: “ajuntar e
armazenar, amontoar, acumular riquezas, manter em estoque, armazenar,
reservar”. Há algo sobre a prosperidade da alma que precisamos entender: ela
nos leva a viver acima do egoísmo. O propósito de prosperarmos materialmente
não é o de REPRESAR os recursos só para nós, mas o de COMPARTILHARMOS o que
Deus nos dá. Devemos ser como o leito de um rio, por onde os recursos sempre
passam; não param de entrar, mas também não param de sair.
Juntar tesouros no céu é algo que se faz não só investindo no galardão que vem
através de se ganhar almas, orar e jejuar, etc. Todas as vezes que o Novo
Testamento fala sobre juntar tesouros no céu, envolve algo que a pessoa faz com
seus recursos terrenos. O Senhor Jesus disse ao jovem rico para vender seus
bens e dar aos pobres, e disse que isto significaria ter um tesouro no céu
(Mt.19:21). Muita gente acha que ter um tesouro no céu é não ter nenhum tesouro
na terra. Mas, em outro texto bíblico, vemos o princípio de entesourar no céu
sem deixar de ter posses na terra; Paulo disse a Timóteo:
“Exorta aos ricos do presente século que... pratiquem o bem, sejam
ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir; que acumulem para
si mesmos tesouros, sólido fundamento para o futuro, a fim de se apoderarem da
verdadeira vida”.I TImóteo 6:17-19
Ou seja, uma pessoa não precisa ficar sem tesouros na terra para ajuntar nos
céus. Ela tem que aprender a não represar para si, mas transbordar para outros.
A razão pela qual muitos não alcançam uma maior prosperidade em Deus é
justamente pela mentalidade egoísta de querer represar só para si. Precisamos
entender que muitas vezes Deus não vai responder algumas orações que são
puramente egoístas:
“Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos
prazeres”. (Tiago4:3)
Quando o que a pessoa quer receber de Deus é só para si mesma, isto é visto
como desperdício, como esbanjamento. O plano divino é de que transbordemos. O
que alcançamos nunca deve ser só para nós mesmos, mas para compartilhar com
outros. Foi isto que o apóstolo Paulo ensinou aos efésios:
“Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as
mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade”.
(Efésios 4:28)
Não podemos ganhar apenas o suficiente para nossas necessidades, mas para
suprir a necessidade de outros também (além de contribuirmos com o Reino de
Deus). E vencer o egoísmo, criando uma mentalidade de transbordar recursos, é
prosperar na alma.
VENCENDO O ORGULHO
- Além do
egoísmo, um dos venenos que atingem a nossa alma e nos impedem de ser
interiormente prósperos, é o orgulho. Paulo mandou Timóteo advertir acerca
deste perigo:
“Exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem
depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo
nos proporciona ricamente para nosso aprazimento”. (I Timóteo 6:17)
Uma inclinação normal do ser humano é achar que suas conquistas são fruto de
seu esforço e habilidade e esquecer da intervenção de Deus. Nabucodonozor foi
julgado por isto (Dn.4:29-36). Mas depois de sair de seu estado de loucura,
louvou a Deus e falou de como Deus humilha ao que anda na soberba:
“Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, exalto e glorifico ao Rei do
céu, porque todas as suas obras são verdadeiras, e os seus caminhos, justos, e
pode humilhar aos que andam na soberba”. (Daniel 4:37)
Quando colocou seu povo na terra de Canaã, o Senhor também os advertiu a não se
tornarem orgulhosos de suas conquistas:
“Não digas, pois, no teu coração: A minha força e o poder do meu braço
me adquiriram estas riquezas. Antes, te lembrarás do Senhor, teu Deus, porque é
ele o que te dá força para adquirires riquezas; para confirmar a sua aliança,
que, sob juramento, prometeu a teus pais, como hoje se vê”. (Deuteronômio
8:17,18)
A soberba precede a queda (Pv.16:18). Portanto, só poderemos ter prosperidade
permanente do lado de fora se nossa alma prosperar vencendo o orgulho e
trilhando o caminho da humildade.
VIVENDO A PROSPERIDADE INTERIOR
Passamos a viver a prosperidade interior quando Deus é nosso maior valor, e O
colocamos (com seus valores) antes de qualquer outra coisa. Um dos textos
bíblicos que melhor reflete este equilíbrio (da prosperidade externa ser
proporcional à interna), é a declaração do Senhor Jesus Cristo sobre colocar o reino
de Deus em primeiro lugar:
“Mas buscai primeiro
o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão
acrescentadas”. (Mateus 6:33)
Se prosperamos espiritualmente, prosperaremos física e materialmente. Que o
Senhor nos ajude a alcançar.
Por Luciano P. Subirá.